Apresentação do Leo
Eu sou o Leo e isso basta. O resto guardo para os contextos formais, para as ocasiões em que tenho de responder a e-mails ou fingir que me encaixo num mundo que exige posturas certas. Aqui, o nome é apenas uma pele que se despe para revelar o que realmente sou.
Para quem ainda não me conhece e sabe alguns dos meus aspetos físicos, eu sou moreno, tenho 1,80 de altura, corpo firme de quem vive entre a disciplina e o instinto.
Os olhos são castanhos, daqueles que não escondem nada, nem o desejo, nem o medo, nem a vontade de ir mais fundo. Tenho mãos que escrevem como tocam, com intenção. Hoje, a escrita é o que me mantém vivo e deixou de ser apenas um hobby.
Os primeiros passos nesta atividade começaram aos dezoito anos, por culpa de uma ex-namorada que me pedia contos como quem pede beijos que não pode ter. Descobri cedo que a escrita pode ser mais intensa do que o sexo, porque dura mais, deixa marcas mais fundas e, quando é bem feita, não deixa ninguém indiferente.
A minha história mistura-se com as palavras que escrevo. Vivo nelas e elas vivem em mim.
Durante anos, dividi-me entre Braga e Amarante, a colecionar silêncios, vontades e histórias que não podiam ser ditas. Sempre tive esta mania de transformar tensão em texto, desejo em detalhe e memória em carne. Nunca fui de gritar o que sentia, mas aprendi a escrever com força. E quem escreve com força, escreve para sobreviver. A escrita salvou-me muitas vezes, da rotina, da apatia, da culpa e até de mim próprio.
Em janeiro de 2025 mudei-me para Viseu. Não foi planeado, apenas aconteceu. Uma oportunidade de trabalho surgiu e agarrei-a. Vim trabalhar para uma empresa nos arredores da cidade, uma estrutura que opera diretamente com outras empresas, num ritmo que exige foco, disciplina e uma boa dose de sangue-frio.
No meu dia a dia falo com equipas, alinho processos, resolvo problemas e garanto que tudo anda. Por vezes viajo pelo país, sobretudo pelo Centro e Norte, e cada cidade, cada pessoa, cada conversa, acaba por se transformar em combustível para o que escrevo.
Cheguei sozinho, como gosto. Quem sabe estar só, sabe estar com os outros de forma verdadeira. Trouxe pouco, alguns livros riscados, cadernos com páginas a meio, a cabeça cheia e um apetite novo por tudo o que ainda não vivi. A cidade de Viseu deu-me espaço e silêncio. E foi nesse silêncio que tudo começou a ganhar forma.
O meu perfil de Instagram nunca foi apenas uma página. É um palco, uma confissão, um espelho. Escrevo lá para quem tem coragem de ler com o corpo e não apenas com os olhos. As mensagens que recebo não são simples mensagens, são pequenos gritos, desejos escondidos, histórias que ardem por dentro e pedem para sair.
Não publico por publicar. Cada texto é uma extensão de mim, do que vivo, do que sinto e do que me consome em noites longas, onde o prazer é mais mental do que físico.
Foi essa escrita que me aproximou da Pimenta Doce Lingerie. Uma marca que entende que o erotismo não precisa de ser vulgar nem escondido. Que vê o corpo como um altar e a lingerie como uma prece, ou uma promessa.
A ligação foi natural, pois partilhamos o mesmo desejo, o de provocar com beleza, tocar sem pedir desculpa, mostrar que o prazer pode ser sofisticado.
Desta parceria nasceu algo maior, um projeto, uma obra uma casa, uma experiência.
A Casa da Barragem entrou na minha vida como um convite discreto, direto, sem pressão. Veio de um seguidor de Viseu que me lia há meses. Falou-me da casa como quem partilha um segredo que não se devia dizer. Não aceitei de imediato, porque eu sou curioso, mas não ingénuo.
Quando finalmente disse que sim, percebi que aquele lugar era mais do que um espaço físico. Era um espelho, um ritual contínuo onde os limites se ultrapassavam sem pressa, onde corpo e mente se encontravam de forma crua, consensual e honesta.
Escrevo isto, também porque não sei estar calado. Há verdades que só ganham forma quando se transformam em frases. Há vontades que se explicam melhor com verbos do que com gestos. Há pele que se toca mais fundo quando é traduzida em palavras.
Eu escrevo como quem fode e fodo como quem escreve. Bem poético, não é? Gosto de o fazer com entrega, detalhe e sempre com intenção.
É assim que me revejo, é assim que me quero revelar para ti.
Esta obra é isso, uma revelação, uma exposição, um pacto entre quem escreve e quem se atreve a ler.
Há quem diga que quem conta um conto acrescenta um ponto. Eu prefiro dizer que quem escreve com tesão, escreve com verdade. E a verdade, mesmo que suja, mesmo que crua, mesmo que incomode, é sempre melhor do que qualquer fingimento.
Se estás aqui, é porque já entraste. Fecha a porta com o corpo por dentro, o resto começa agora.
E assim nasceu a Casa da Barragem
Esta obra não nasceu de um impulso qualquer e foi preciso que algo me doesse por dentro durante tempo suficiente para se transformar em texto. Há histórias que se agarram ao corpo como cheiro a suor depois de uma noite longa, histórias que não se lavam com um simples banho e que continuam a marcar a pele e a memória.
Existem lugares que nos entram pela pele e ficam, mesmo depois de fecharmos a porta. A Casa da Barragem foi isso. Um sítio físico, sim, mas também uma metáfora, um reflexo de tudo o que andei a empurrar para debaixo do tapete durante anos.
Não o escrevi para impressionar, nem para excitar, embora saiba que isso vai acontecer. Também não é um diário, porque a minha vida, por mais intensa que pareça, não é um espetáculo. Este livro é o resultado de algo mais fundo, uma espécie de expiação, uma confissão com traços de fantasia e cheiro a realidade. É sujo e é limpo, é íntimo e, sobretudo, é verdadeiro. Aqui não há personagens cliché, há pessoas vivas, com histórias no corpo e um passado que se cruzou com o meu.
A mensagem chegou numa tarde de março, vinda de um seguidor de Viseu e confesso que hesitei a abrir. A curiosidade mordeu-me de imediato, mas não sou de atirar o corpo para o fogo sem perceber de onde vem o calor. Foi apenas à segunda tentativa que aceitei. A proposta era clara, sem rodeios: queriam que eu fosse, que visse, que escrevesse e que participasse, se me apetecesse. Apeteceu-me, na verdade (e muito).
A Casa ficava nos arredores de Viseu, perto da Barragem de Fagilde. Para quem não conhece, Fagilde é uma pequena localidade escondida entre Mangualde e Viseu, um lugar onde a serra se mistura com o som da água e onde o tempo parece correr noutro ritmo.
Há muitas estradas estreitas que atravessam pinhais e descem até à agua da barragem, onde a luz da tarde se deita sobre o espelho de água e tudo ganha uma calma inquietante. À noite, o silêncio é tão espesso que quase se ouve o coração. Foi num destes cenários que descobri a casa.
Vista de fora, parecia comum, uma moradia isolada, paredes brancas e portão escuro. Mas havia qualquer coisa diferente na forma como o vento passava por ela, como se o próprio ar carregasse segredos.
O que encontrei lá dentro não foi apenas sexo, foi silêncio, foi verdade, foi energia crua. Na casa, ninguém precisava de fingir. As regras não eram ditas, mas sentiam-se. Era como se tudo já estivesse acordado antes de qualquer palavra. Voltei várias vezes. Sessão após sessão, conheci gente nova e gente marcada. Alguns passaram, outros deixaram marca.
Houve dois encontros que me mexeram mais do que esperava e um deles quase me desfez. Há feridas que nos rasgam quando menos esperamos, especialmente quando é a melhor amiga da tua ex a meter-te uma coleira e a cavalgar-te como se quisesse arrancar-te da memória dela.
Não escrevo por vaidade, há quem viva disso, mas eu escrevo por necessidade. É a única forma que encontrei de guardar o que me arde. Quando as memórias não me cabem no corpo, escorrem para as palavras.
Em junho 2024 precisei de parar. Afastar-me, respirar noutro lugar. Desliguei o Instagram, calei o desejo e deixei o corpo sossegar, mas a mente nunca parou. A Casa continuava a rondar-me, mesmo nos dias em que fingia estar longe. No fundo, sabia que isto precisava de sair, só não sabia que ia sair assim.
Fui para Peniche, sozinho. Precisava de espaço. Corri junto ao mar, escrevi em cafés de madeira virados para o vazio, ouvi o vento como quem ouve respostas. O corpo pedia calma, mas era a mente que mais gritava. Tinha de perceber se o que estava a viver era real ou se me estava a deixar usar como personagem numa história escrita por mãos que não eram as minhas.
Foi ali que percebi: esta obra tinha de nascer, mas não podia ser qualquer coisa. Tinha de ser meu do início ao fim, não apenas um ficheiro digital a circular em silêncio entre curiosos. Quero-o impresso, com páginas que se dobram, com cheiro a papel tocado por dedos nervosos. A capa tanto pode ser dura como mole, desde que quem o agarre sinta que segura um segredo a meio caminho entre o pecado e a revelação.
Perguntam-me o que ganho com isto, porque me exponho tanto, o que me leva a contar o que tantos escondem. A resposta é simples: há poder em dizer o que ninguém diz.
E há alívio. E há espelho. Sempre que me sento para escrever sobre prazer, não estou apenas a provocar, estou a tocar em zonas onde a maioria tem medo de entrar.
O sexo está em todo o lado, mas o prazer sujo, denso, aquele que rasga e arrepia, vive escondido. Trazer isso à tona não serve apenas para chocar, serve para revelar, para nos vermos ao espelho sem filtros nem poses.
Para mim, a escrita é isso: um orgasmo mental, um ato de controlo, um grito dito com elegância, uma forma de dominação onde sou eu quem dita o ritmo, mesmo quando a vida tenta impor outro.
Durante a escrita houve medo, medo de ir longe demais. Medo de ser lido por quem não devia, de falhar, de ferir alguém, de me trair. Mesmo assim, continuei. Dei nome às pessoas, organizei espaços, preparei os brinquedos como quem desenha um ritual. Cada cena é um altar, cada palavra, uma oferenda.
A Casa é isso, um templo de desejo onde o corpo se curva e a mente se solta. Esta obra é o meu cântico. Talvez alguém um dia se reconheça, talvez me escrevam, me confrontem ou me evitem. Talvez a Tânia leia, talvez a Mariana chore. Mas o que vier, já não me pertence. O que está escrito, já saiu de mim e agora mora em quem o lê.
Estes textos que vais ler não estão fechados. Julho servirá para os consolidar, agosto será de escolhas: cortes, acréscimos, polimento. Não sei quando vou lançar esta, nem se terei coragem de o publicar tal como está. Pode ser que mude detalhes, pode ser que não. Se estás a ler isto, talvez já saibas a decisão que tomei.
No fim, o que importa é simples: isto precisava de ser feito. E eu fiz.
19 de junho de 2025, Leo.







