Colisão por Júlia Pires de Castro

Confissões Seguidores

Tempo de leitura: 16 minutos

Parte 1

Era mais um dia normal, prestes a sair do trabalho. Tirei a parte de cima do scrub e o soutien desportivo, troquei-os por um top preto de algodão e saí ansiosa por chegar a casa e tomar um duche.

Assim que passei a porta, o ar frio típico de uma noite de janeiro abraçou-me a pele, fazendo- me arrepiar. O casaco tinha ficado no meu cacifo, mas como ia directa para o carro, não voltei atrás.

Liguei o aquecimento e esfreguei as mãos uma na outra, levando-as à boca para as aquecer com a minha respiração.

“Esta viagem já me cansa…”, desabafei alto.

Já há 8 anos que trabalhava numa clínica a sessenta quilómetros de casa e já começava a criar uma relação de amor-ódio com aquele percurso.

Arranquei, com o objectivo de chegar a casa o quanto antes.

Cerca de dez minutos depois de iniciar o trajecto, ouvi um barulho forte e quase de seguida o carro começou a deitar fumo por baixo do capot. Encostei à berma de imediato e desliguei-o.

Encostei a testa ao volante e soltei um grito.

Segundos depois ouvi um bater no vidro, o que me fez dar um salto no banco.

Era um homem alto, encorpado, numa mota vermelha, todo vestido de preto, a usar um capacete da mesma cor, com a viseira levantada, a olhar para mim e a fazer sinais com a mão para baixar o vidro.

“Era só o que mais me faltava…”, pensei ao revirar os olhos.

Ele apercebeu-se da minha reacção e sorriu, mas sem se demover.

“Estás bem?”, perguntou assim que abri uma pequena fresta da janela do carro.

“Já tive momentos melhores! Mas está tudo controlado, vou ligar para o reboque e fica resolvido!”, respondi prontamente.

Ele acenou com a cabeça, começou a recuar com pequenos passos, parou atrás do meu carro, desceu da mota e começou a tirar as luvas, com a maior calma do mundo.

Eu seguia atentamente todos os seus movimentos pelo retrovisor, na tentativa de perceber a intenção dele.

Instintivamente, agarrei no telemóvel, comecei discretamente a filmar, saí do carro e, quando ele desviou o olhar para mim, fiz-lhe sinal com a mão livre para não se aproximar.

“Já lhe disse que não preciso de ajuda!”, disse num tom ríspido, mas isso não o demoveu.

Retirou o capacete e soltou uma risada.

Começou a caminhar na minha direcção de uma forma calculada e calma.

Eu recuei e encostei-me ao carro. O metal frio fez-me arrepiar e, ao lembrar-me que não tinha soutien, cruzei os braços em frente ao meu peito, para ele não reparar nos meus mamilos endurecidos pela temperatura.

Parou à minha frente, sem desviar os olhos dos meus, a sorrir.

“Sim…, parece que tens a situação perfeitamente descontrolada!”, disse com ar de gozo, olhando para o interior do meu carro, através da porta que tinha deixado aberta.

“E tenho!!”, respondi automaticamente.

“Claro que sim! Já ligaste para o reboque?”, perguntou.

“Ainda não! Vou tratar disso assim que for embora!”, reforcei, deixando bem claro que não me

sentia confortável com ele ali.

“Eu não te vou deixar aqui sozinha.”, disse-me num tom de voz imperativo, e toda a minha pele voltou a arrepiar, mas desta vez não era pela temperatura.

Acenei com a cabeça, dei a volta ao carro e dirigi-me ao porta luvas para ir buscar os papeis da seguradora.

Sentei-me no banco do pendura, com a porta aberta e liguei. Enquanto isso ele dirigiu a mão abaixo do volante e puxou a manivela do capot, abrindo-o.

A chamada já tinha terminado, mas eu estava tão focada no que ele estava a fazer, que ainda nem tinha tirado o telemóvel da orelha.

Após olhar uns minutos para o local de onde ainda saía um pouco de vapor, voltou a fechar o capot e dirigiu-se a mim, ainda na mesma posição.

“O reboque demora quanto tempo?”, perguntou.

“Falaram em quinze minutos. Pode ir, eu espero dentro do carro.”, disse-lhe. “Não sejas teimosa!”. A frase saiu-lhe como se me conhecesse há anos.

Felizmente o reboque chegou mais cedo do que o previsto. Saltei do banco e dirigi-me à frente do carro.

“Boa noite!”

O homem que estava a calçar umas luvas, levantou o olhar e sorriu maliciosamente.

“Ora boa noite! Meteste-te em problemas, princesa?”, perguntou, lambendo o lábio superior e percorrendo cada centímetro do meu corpo com os olhos.

Todo o meu corpo se contorceu de náusea e por um lado, fiquei agradecida por outro ter ficado, apesar de lhe ter rogado uma praga por se ter afastado, para uma chamada, naquele preciso momento.

Virei-lhe as costas, sem responder, dirigi-me ao meu carro e tirei a mochila, para o deixar trabalhar. Queria terminar este processo o mais rapidamente possível.

Apercebi-me que outra mota chegou e parou ao lado da vermelha.

Cumprimentaram-se e o recém-chegado entregou-lhe algo, que não consegui perceber o que era, devido à escuridão intensificada pelos faróis, ele colocou no assento e fez um sinal de agradecimento e o outro arrancou.

Aproximou-se, com um ar sereno. Parou a meu lado, sorriu e começou a despir o casaco, colocando-o aos meus ombros.

Eu estava tão absorvida pelo que se estava a passar que ainda não me tinha apercebido que estava a tremer de frio.

“Alexandre”, disse-me.

“Júlia… obrigada por teres ficado…”, admiti, baixando o olhar em tom de derrota.

“Não me agradeças ainda!”, respondeu a sorrir.

O carro já estava, finalmente, em cima do reboque e aquele homem repudiante, aproximou-se com uma folha e uma caneta para eu assinar.

“Queres boleia, princesa?”, perguntou com um ar nojento estampado na cara. “Ela já tem boleia!”, disse o Alexandre, puxando-me pela cintura para perto dele. O homem fez um ar sério, resmungou algo que não percebi e foi embora.

“Bem, vou chamar um táxi! Obrigada por tudo!”, disse ao Alexandre enquanto nos dirigíamos à

sua mota.

“Eu levo-te a casa, não é negociável! Veste o casaco e aperta-o.”, disse-me, sem olhar para mim.

“Eu agradeço, mas moro quase a cinquenta quilómetros daqui!”, respondi. “Não é negociável!”, repetiu.

Eu obedeci, e quando subi o fecho do casaco, ele dirigiu-se a mim com o telemóvel na mão.

“Coloca aqui a tua morada, por favor!”, disse-me.

Eu assenti e depois de lhe entregar o telemóvel, pegou no capacete que estava no assento da mota e colocou-mo, com delicadeza, apertando a fivela. Ao roçar os dedo no meu pescoço, causou- me outro arrepio e agradeci o facto de estar de capacete, senão ele teria visto o meu lábio preso nos meus dentes.

Ele subiu para a mota e esticou-me a mão para me convidar a fazer o mesmo.

“Vais ter frio, sem o teu casaco…”, gritei-lhe através do capacete.

“As tuas mãos vão ser suficientes para me aquecer, não te preocupes!”, afirmou, sorrindo.

Subi e, instintivamente, agarrei-me ao tronco dele. Conseguia sentir os abdominais duros por baixo da t-shirt e não consegui evitar que as minhas mãos os massajassem.

A barriga dele contraiu e eu senti que tinha abusado, por isso coloquei as minhas mãos em cima do depósito, mas nesse instante ele agarrou-as e voltou a colocá-las onde estavam inicialmente.

“Agarra-te bem!”, disse divertido e arrancou.

Durante a viagem, inevitavelmente as minhas mãos viajavam por aquele abdómen que parecia feito de aço. Com uma mão enluvada, puxou a t-shirt para cima e usou-a para tapar as minhas, permitindo um contacto directo com a pele dele.

“Foda-se, está tão quente!”, disse em voz alta. Com o capacete ele não me podia ouvir.

“Não, pequena…, as tuas mãos é que estão geladas! Mas isto deve ser o suficiente para as aquecer…”, ouvi.

O cabrão tinha ligado o intercomunicador e ouviu-me.

“Desculpa!”, soltei em simultâneo com um riso nervoso.

A curiosidade continuou a levar a melhor durante resto do percurso e não consegui evitar levar as mãos ao peito dele.

“Se continuas assim, terei de parar!”, disse-me.

As minhas mãos recolheram automaticamente e tentei mantê-las no sítio até chegarmos a casa. Quando parámos, saltei da mota e logo de seguida saiu ele.

Levei as mãos à fivela para tentar tirar o capacete, enquanto ele tirava o dele, mas sem sucesso. Virou-se para mim, colocou os dedos entre a minha garganta e a esponja do capacete e puxou-me para junto daquele corpo intimidante. Soltei um suspiro e ele sorriu.

Ele era pouco mais alto que eu, o que permitiu que os nossos olhos ficassem na mesma linha de visão.

“Cabrão…”, saiu-me, entredentes.

“Nem imaginas quanto!”, respondeu.

Comecei a despir o casaco, para o devolver e ele parou a olhar para mim e mordeu o lábio. Ao entregar-lho, deu-me o capacete para a outra mão.

“Não me apetece fazer a viagem com isto no braço. Amanhã ligas-me e combinamos um sítio

para o devolveres.”, disse.

“Mas eu não tenho o teu número!”, respondi.

“Acho que esse é um problema fácil de resolver!”, retorquiu com um sorriso malicioso e esticou

a mão, para eu lhe dar o meu telemóvel.

Adicionou o contacto dele e devolveu-mo.

“Obrigada!”, proferi timidamente, agradecendo à escuridão por esconder o rubor nas minhas

faces.

“Já te disse, não me agradeças ainda!”, respondeu, a subir para a mota. E ali fiquei a vê-lo afastar-se.

Entrei em casa e sentei-me no sofá a tentar perceber o que se tinha passado.

Olhei o telemóvel e vi que ele tinha gravado o seu contacto como “Alex” seguido de um diabinho.

“Valha-me nossa senhora…”, saiu-me enquanto apoiava a cabeça nas mãos.

Sacudi a cabeça, lutei contra a inércia, levantei-me, comecei a despir-me para ir tomar duche e tentar descansar.

Parte 2

Acordei de manhã e senti uma onda de calor a percorrer todo o meu corpo.

Lembrei-me do Alexandre. Do sorriso, do tronco que apenas as minhas mãos sentiram e os meus olhos não tiveram o prazer de ver, dos seus dedos curtos e grossos…

Comprimi as minhas coxas e um formigueiro começou a crescer no meu ventre.

Soltei um suspiro profundo e as minhas mãos voaram para o meu peito. Passei ao de leve com os dedos nos mamilos rígidos e sensíveis e não resisti ao apertar um entre o indicador e o polegar. A dor começou a raiar por toda a mama, até se tornar num raio de prazer que me atingiu o estômago. Com a outra mão desci devagar pela barriga que sucumbia aos espasmos daquela dor deliciosa até chegar ao meu centro. Quente, molhado, a palpitar…

Fechei os olhos e permiti-me apenas sentir.

Imagens dele invadiam-me a mente e obrigavam os meus dedos a moverem-se com mais intensidade.

Com a palma da mão a pressionar o meu clitóris, entrei com um dedo dentro de mim, depois

outro…

Os movimentos ritmados estavam a levar-me à loucura, mas ainda assim não eram suficientes! Era a ele que eu queria dentro de mim e não os meus dedos.

A imagem dele a aproximar-se de mim, seguro e dominante, foi tudo o que precisei para sentir o orgasmo a chegar.

Aumentei o ritmo da minha mão, que já escorria para os lençóis, o meu corpo começou a retesar-se e não consegui conter o gemido!

O meu corpo contraía-se de uma forma tão brusca que sentia os meus dedos, que ainda não tiram parado, a serem apertados, ajudando a prolongar o prazer.

Fiquei ainda uns minutos na cama, a tentar acalmar o coração que conseguia ouvir bater dentro da minha cabeça.

Levantei-me, com as pernas fracas, e dirigi-me ao duche.

Vesti um kimono leve, tirei um café e bebi-o na minha varanda, a sentir o sol de inverno na pele a contrastar com a brisa fresca e a ouvir as ondas a rebentar no mar.

Peguei no telemóvel e escrevi “Bom dia, miúdo! Chegaste bem a casa? Como combinamos para te devolver o que te pertence? Hoje estou de folga, não consigo ir para os teus lados, mas podemos combinar amanhã!” e enviei para o Alexandre.

Passados uns escassos minutos, ele respondeu.

“Bom dia, pequena! Cheguei sim! Estás de folga? Perfeito! Eu vou aí! Chego dentro de 1h. Quero

levar “o que me pertence” a beber um café!”, li.

O que ele queria dizer com aquilo?

Apressei-me a vestir umas calças de ganga e uma camisola, agarrei no capacete e desci quando recebi outra mensagem dele a anunciar que estava à porta do prédio.

E ali estava, encostado à mota e de braços cruzados, o que lhe evidenciava ainda mais os bíceps, a olhar para mim com um sorriso que me fez tremer.

Cheguei perto da mota e estiquei-lhe o capacete. Agarrou-o e colocou-o na minha cabeça, com delicadeza.

“Mas…? O que estás a fazer?”, perguntei-lhe. Ele sem me responder, subiu para a mota. “Sobe!”, disse-me através do cardo.

Já tinha percebido que não valia a pena contrariá-lo, por isso obedeci.

“Vamos a umas dicas: as tuas mãos não saem do meu tronco e se eu te bater na perna agarras-

te a mim com força! Percebeste?”, anunciou como se me estivesse a dar um sermão.

“Como ser uma boa mochila, aula numero 1…” disse eu ironicamente.

Ouvi um rosnado no meu ouvido que me arrepiou.

“Eu senti os teus olhos a revirar… Deves querer que eu de responda em concordância!”,

ameaçou-me com um tom de voz rouco e arrancou. Aquela atitude dele deixava-me desarmada.

“E se eu quiser?”, respondi em tom de desafio.

“Não é uma questão de quereres, mas sim de mereceres!”

Engoli em seco.

Levou-nos a uma esplanada na praia a uns quilómetros dali.

Sentámo-nos e fez sinal ao empregado de mesa que estava a atender outra mesa.

“Já tomaste o pequeno-almoço?”, perguntou sem cerimónias. “Bebi um café… conta?”, sorri-lhe em tom de desafio.

Ele inspirou como se estivesse a invocar o deus da paciência e nem me respondeu. O empregado chegou perto de nós e deixou-nos os menus, afastando-se de seguida.

“Escolhe algo! Tens de te alimentar!”, disse-me, esticando a folha plastificada que o empregado deixara.

“Mas eu não quero nada!”, respondi, confusa.

“Preferes que seja eu a escolher por ti?”, questionou, colocando os cotovelos na mesa e

apoiando o queixo nas mãos, de olhos ancorados nos meus.

Fiquei sem reacção. Por um lado estava irritada por ele achar sequer que teria o poder de mandar em mim, mas por outro lado eu estava a gostar daquele jogo.

“Que seja”, continuou e pegou no outro menu.

E eu, ali fiquei, estátua.

“Doce ou salgado?”, perguntou sem desviar o olhar do menu.

“Salg… Salgado.”, respondi timidamente sem conseguir disfarçar o tremor na voz.

Ele levantou o braço, permitindo-me avaliar cada traço desde o ombro até aos dedos.

Senti-me a aquecer o que se reflectiu nas minhas faces que deviam estar mais rosadas que o habitual.

“São dois ovos benedict e dois sumos naturais de laranja, por favor!”, pediu ao empregado que

se tinha aproximado sem eu dar conta.

Voltou a encarar-me, inclinou um pouco a cabeça e sorriu.

“Então menina Júlia, fala-me de ti!”, disse.

“Eu? Não tenho nada para contar! Sou uma pessoa normal!”, respondi, ficando ainda mais

corada e desviando o olhar para o mar.

“Que fofa…”, saiu-lhe baixo.

“Fofa é a tua prima!”, disse-lhe mentalmente.

“Na minha perspectiva, pareces uma pessoa bastante interessante!”, continuou.

“Eu lido mal com elogios, por isso podes parar! Aliás, como é a devolução de um capacete se tornou num pequeno-almoço à beira mar?”, tentei eu mudar o rumo à conversa que me estava a deixar desconfortável.

“Eu estava interessado em saber mais de ti, apenas isso!”, respondeu.

“Ai sim? E como te está a correr isso?”, questionei, soltado o meu sorriso mais sacana.

“Muito bem, por acaso! Gostas do risco, mas vives uma vida completamente controlada, queres demonstrar que és totalmente independente, mas gostarias de ter alguém que cuidasse de ti e te mimasse, e insistes em tentar disfarçar que todo o teu corpo deseja o toque do meu, que anseia que as minhas mãos o agarrem até ficar marcado, que eu o encoste a uma parede e o comprima com a força do meu e use os meus lábios para o saborear, de cima a baixo! E isso? Como te está a correr?”, respondeu-me.

Fiquei boquiaberta. Ele tinha razão.

Salva pelo gongo, a comida chegou e as atenções foram desviadas.

“Alimenta-te, minha pequena!”, disse docemente. “Não me chames isso!”, enfrentei-o.

“Ficas tão gira quando te irritas!”, afirmou, a sorrir.

“Cabrão…”, disse em surdina, revirei os olhos e levei uma garfada à boca. Ele deu uma gargalhada.

“Meu bem, um dia vais pagar por cada vez que me revirares os olhos, percebeste?”, retorquiu.

“Tu não mandas em mim!”, respondi furiosa.

“Ainda…”, disse convicto.

“Vê lá não te desiludas!”, atirei-lhe.

Ele limitou-se a sorrir e terminou o prato.

Esperou que eu fizesse o mesmo e chamou o empregado, a pedir a conta.

Quando chegou eu tirei o meu telemóvel do bolso para pagar e ele levantou-me um dedo e abanou-o de um lado para o outro em sinal de negação, e encostou o telemóvel dele ao terminal.

“O mínimo que eu poderia fazer era pagar-te o pequeno-almoço, depois do que fizeste por mim,

ontem!”, disse-lhe.

“Agradeces de outra forma!”, declarou. Levantámo-nos e dirigimo-nos à mota.

Peguei no capacete e quando me virei, ele estava a escassos centímetros de mim, que conseguia sentir a respiração dele a misturar-se com a minha.

Tirou-mo das mãos, novamente, agarrou-me pelo rabo e sentou-me na mota, ficando entre as minhas pernas.

Desviou uma madeixa do meu cabelo ruivo, olhando-me de forma predadora, lambendo o lábio.

Baixou a atenção dele para o meu peito, que subia e descia de forma ansiosa, e colocou o dedo indicador num sinal e depois noutro, mais abaixo fazendo com que o nó do dedo médio roçasse ao de leve no meu mamilo rígido, aumentando o contacto à medida que os segundos passavam e eu não me opunha ao que estava a acontecer.

Voltou a olhar-me e senti o corpo a arrepiar. Sentia-o duro, encostado ao meu centro que ardia com toda aquela situação.

Eu desejava-o, isso era inquestionável. Mas deveria deixar o meu lado controlador tomar conta da situação e recusar qualquer outro avanço? Talvez devesse…, mas não queria. Naquele momento só desejava que ele me arrancasse a roupa e me possuísse ali mesmo.

“Um dia ainda me vais implorar para beijar cada sinal da tua pele.”, disse-me com a voz rouca, junto ao ouvido.

“Porque esperas?”, saiu-me.

“Não me desafies, pequenina… Não tenho problemas nenhuns em levar-te para um local reservado e foder-te em cima da mota!”, disse, seguido de um suspiro.

“Que disse que eu quero?”, perguntei em voz alta, enquanto recalcava o “Sim, por favor!” na

minha mente.

Ele, nesse instante, levou a mão entre nós, tocou-me através das calças e sorriu vitoriosamente.

“O teu corpo! E a ele não consegues fugir!”, respondeu-me.

Afastou-se um pouco, voltou a pegar no capacete, colocou-mo e tirou-me de cima da mota, ficando agarrado à minha cintura uns segundos.

Preparou-se e seguimos viagem de volta à minha casa. Saí da mota, tirei o capacete e ele imitou-me. “Toma!”, estiquei o braço.

“Fica com ele, vais precisar mais vezes!”, respondeu. Sorri, corada.

“Obrigada pelo pequeno-almoço.”, disse-lhe enquanto ele se preparava para ir embora.

“Não tens de quê!”, respondeu.

“Alex…, queres subir?”, saiu-me espontaneamente.

Ele olhou-me, voltou a retirar o capacete, saiu da mota e encostou-se a mim, agarrando-me pela cintura, com um braço.

“Estava a ver que nunca mais perguntavas…”

Parte 3

Aproximou a face da minha, roçando a ponta na língua nos meus lábios. Eu sentia o calor que o corpo dele emanava, através da roupa, no meu.

Abri a porta do prédio e subimos no elevador em silêncio.

Assim que passámos a entrada do meu apartamento, senti a mão dele na minha nuca, que instantaneamente me obrigou a virar para ele e os nossos lábios uniram-se de uma forma a roçar o animalesco.

Afastou-se um pouco de mim e o polegar dele forçou-se na minha boca. Um calor formou-se no meu interior, dissipando-se por todas as células do meu ser e eu não resisti em chupá-lo.

Com a outra mão, ainda na parte de trás do meu pescoço, pressionou o meu corpo para baixo, fazendo-me ficar de joelhos enquanto ele olhava para baixo.

O carinho que eu tinha visto naqueles olhos, ao pequeno-almoço tida dado lugar ao desejo animalesco, como se a humanidade tivesse abandonado a sua alma.

Desapertou as calças, sem nunca tirar a mão da minha nuca, e quando caíram aos meus joelhos eu estava hipnotizada por aquele pedaço de mau caminho a balouçar, escassos centímetros da minha cara.

Mas não me deu tempo para assimilar o que estava a acontecer e forçou-se na minha boca, até ao fundo, com o meu nariz a comprimir-se contra o ventre dele e a minha garganta a queixar-se involuntariamente daquele abuso.

Ele soltou um rosnado, como se tivesse esperado por aquele momento a vida toda e senti-o a latejar na minha língua.

Saiu devagar e voltou a entrar. Os meus lábios percorreram cada traço, cada veia daquele mastro perfeito.

Começou a aumentar a cadência dos movimentos. As lágrimas que escorriam dos meus olhos, arrastavam o rímel e arrefeciam o calor das minhas faces ruborizadas.

O olhar dele mantinha-se frio, cheio de luxúria e poder e isso estava a dar cabo de mim.

Nunca me tinha encontrado naquela posição, por um lado o medo fazia-me querer empurrá-lo para longe de mim, por outro, era esse mesmo medo que me fazia continuar a querer recebê-lo e deixá-lo usar-me.

Saiu da minha boca. Inúmeros fios de saliva ligavam-nos e mentalmente agradeci o descanso que me estava a proporcionar, mas não durou muito tempo. Voltou a forçar-se em mim. Os meus lábios estavam dormentes e inchados de tão brusco ele estava a ser, mas isso não me incomodava.

Naquele momento eu só queria servi-lo… Só queria estar ali para ele usar…

E os meus olhos transmitiam isso mesmo, o que o fazia ser mais incisivo, mais brusco, como se não tivesse um ser humano à sua frente mas sim uma boneca…, uma cumdoll!

Senti o membro dele a ingurgitar, tanto que por momentos pensei que a minha boca não seria suficiente para o albergar, e parou.

A minha garganta foi invadida por explosões quentes, grossas. A minha língua, enquanto ele se contraía, massajava-o suavemente. Ele recuou e soltou os últimos jactos na minha cara, que me pareceram tanto reconfortantes como estimulantes.

Levantou-me suavemente, passou a língua na minha face e olhou-me enquanto saboreava.

Sorriu. A alma tinha voltado ao seu corpo.

“Quem diria que as tuas lágrimas eram o tempero que me faltava?”, disse.

“Tira as tuas conclusões depois de me provares por inteiro!”, respondi em tom de desafio.

Levantou-me no ar, as minhas pernas rodearam a sua cintura, sentou-me nas costas do sofá, tirou-me a camisola e atirou-me para trás. A minha cabeça assente na almofada do sofá e a minha anca nas almofadas de encosto formavam um arco perfeito, deixando-me exposta para ele.

Tirou-me as calças e ajoelhou-se à minha frente, apoiando as minhas coxas nos seus fortes ombros.

Beijou-me por cima das cuecas e soltou um som de admiração.

“Isto foi só de me chupar, menina Júlia?”, perguntou. “Humhum…”, soltei.

“És perfeita…”, disse, ao roçar um dedo ao de leve no tecido que me fez estremecer.

Geralmente a minha incapacidade de aceitar elogios deixaria-me sem jeito, mas a luxúria e o desejo que sentia naquele momento, não me permitiram sentir vergonha, mas sim arder ainda mais nas mãos dele.

Beijou o interior de uma coxa, depois a outra, como se estivesse a prolongar uma tortura, até que ouvi rasgar.

“Não vais precisar disto!”, retorquiu.

Olhei para cima e as minhas cuecas estavam reduzidas a um elástico que me circundava a cintura.

A língua dele passou de baixo para cima, como se eu me tratasse de um gelado a derreter em pleno verão e o meu corpo arqueou ainda mais.

O polegar dele circulava o meu clitóris enquanto a boca dele me saboreava numa lentidão dolorosa.

“Alex…”, saiu-me pelos lábios, quando senti um dedo dele a invadir-me, depois outro…

Voltou a beijar-me. A forma como a boca dele, em sintonia com a dança da mão dele em mim, estava a levar-me à loucura.

Os meus gemidos estavam a tornar-se mais audíveis e ele aumentou a intensidade dos movimentos.

Retirou os dedos de mim e o meu corpo chorou a sua falta.

As suas mãos colocaram-se na minha zona lombar e levantou-me no ar. Aquele movimento deixou-me zonza e fez-me agarrar na sua cabeça, ainda no meio das minhas pernas.

Rodeou o sofá e deitou-me de costas, sem tirar a boca de mim.

“Fode-me Alex…, por favor!”, choraminguei.

Ele subiu, encaixando apenas a cabeça do seu membro intumescido na minha entrada, fazendo- me ajeitar a anca, tentando saborear mais uns centímetros, mas ele não o permitiu.

Lambi-lhe a cara, do queixo ao nariz, e sorri, maliciosa.

“Quem diria que eu era o tempero que faltava nos teus lábios!”, desafiei.

Ele retribuiu o sorriso e afundou-se em mim, de uma forma brusca e saiu deliciosamente devagar, até voltar à sua posição inicial.

“Esta é por usares as minhas palavras contra mim!”, disse de dentes cerrados.

Voltou a afundar-se, sem piedade.

“Esta é por achares que podes armar-te em pirralha sem sofrer consequências!”, e saiu

lentamente.

“Quem diria que poderia ser premiada por mau comportamento?”, disse em tom de gozo.

Nesse momento ele soltou um riso que me arrepiou e voltou a enterrar-se em mim de uma forma que o senti a forçar o meu colo do útero produzindo uma dor aguda que me cortou a respiração.

“Esta é para aprenderes que és minha e eu faço de ti o que quiser!”, respondeu.

A cadência começou a aumentar e ambos soltávamos um gemido a cada uma, até se tornar uma música viciante.

As minhas unhas cravavam-se nas costas dele, tentando puxá-lo cada vez mais para mim à medida que sentia o meu centro a contrair-se e a apertá-lo.

“Não pares, por favor…”, escapou-se-me entre gemidos e ele cumpriu.

Éramos dois animais a alimentar os nossos instintos mais primordiais, nada mais que isso. Era sexo puro, sujo, pleno e eu nem sabia que precisava daquilo.

Os meus gemidos transformaram-se em gritos roucos, a minha visão turvou e atirei a cabeça para trás, num soluço gutural, como nunca tinha feito. Ele parou e encheu-me de explosões lascivas de desejo misturadas com um urro que me fez tremer e caiu em cima de mim a arfar.

Tudo deixou de existir naquele momento, apenas o calor dele que me invadia, o que me fez pensar que o inferno seria um iceberg em comparação com aquilo.

Ficámos ali, uns minutos, a recuperar a consciência.

“Isto foi…”, saiu-me. “Foi…”, interrompeu-me.

Eu nunca me tinha sentido assim… satisfeita, mas ansiosa por mais. Queria que o tempo parasse e ele nunca tivesse de sair de dentro de mim.

Beijou-me suavemente e pegou-me ao colo.

Olhou em volta e, após descobrir onde era a casa de banho, levou-nos para lá, colocou-me no poliban e abriu a água, ajeitando o corpo ao meu.

“Deixa-me limpar-te…”, disse carinhosamente.

Eu fiquei sem saber o que fazer. Nunca me tinham tratado daquela forma.

As mãos dele deslizavam suavemente pela minha pele e ele olhava atentamente para cada movimento delas.

Os meus olhos estavam presos a ele, fascinada naquela dualidade de comportamento, naquele ser que me tinha acabado de destruir, mas agora estava a cuidar de mim, a lamber as minhas feridas.

A base do meu estômago contraiu-se.

“Não Júlia!”, pensei, “Não, não, não, não…”

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