O que encontras neste texto:
Um conto confessional, erótico e visceral onde revelo a origem da minha escrita, as mulheres que me marcaram, as paixões que me incendiaram e as memórias que me transformaram.
Da primeira fantasia com a Cátia ao mundo intenso do BDSM com a Neusa, passando pela traição com a Mariana e o nascimento do Intimate, esta é a história de um homem que escreve para se despir por dentro e por fora.
Parte 1 – O início do fogo
Há histórias que se contam com palavras, outras que se escrevem no corpo. A minha foi sempre um pouco das duas.
Comecei a escrever aos 18 anos, mas não foi por querer ser escritor. Foi por querer provocar. Por querer deixá-la molhada do outro lado do ecrã.
Ela chamava-se Cátia. Estava em Vila Real, e eu num quarto apertado na minha cidade, com um portátil manhoso e o coração inquieto.
Conhecemo-nos naquele típico namoro adolescente, feito de beijos apressados, chamadas nocturnas e promessas ao ouvido. Mas com ela foi diferente.
Ela tinha sede de palavras. Queria que eu a tocasse sem a tocar. Que a fizesse vir-se com frases, gemer com vírgulas.
— Escreve-me, Leonardo. Manda-me um texto onde me faças tua.
E eu obedeci.
Foi o primeiro conto. Uma mistura de desejo tímido com o que eu imaginava ser prazer. Ela respondeu horas depois:
— Masturbei-me a ler isto. Fiquei tão molhada amor.
Nunca mais parei.
Criei um blog anónimo. Um refúgio onde as minhas fantasias tinham nome, curvas e pele. Onde o que eu não dizia em voz alta ganhava volume em letras pretas.
Escrevia à noite, debaixo dos lençóis, com os fones a abafarem o mundo e a imaginação a vibrar entre os dedos.
Cada conto era uma confissão, cada orgasmo, uma confirmação. A Cátia foi o ponto de partida. Mas como todos os começos, teve um fim breve.
Ela seguiu a vida dela. Eu fui estudar para Braga.
Mas o fogo já estava aceso. Braga era outro mundo.
Cidade pequena com gente grande. Ritmo universitário, cheiros novos, corpos novos.
Ali, fui descobrindo outra coisa além do desejo: o poder de provocar.
Conheci a Neusa, mas lembro-me bem do instante em que tudo mudou. Estávamos num bar, ela com uma cerveja na mão, eu com a língua afiada.
— Sabes que o teu olhar pedia que eu te mandasse ajoelhar?
Ela não se riu. Nem se ofendeu. Sorriu com o canto da boca e respondeu:
— Sabes que eu só ajoelho se souber que vale a pena?
E ali começou tudo.
A Neusa foi a minha iniciação. Não apenas ao prazer — mas ao controlo, à entrega, à dança entre quem manda e quem se rende.
Com ela, prendi pulsos com gravatas, ordenei gemidos e aprendi a escutar silêncios.
Ela ensinou-me que o prazer é um jogo de poder. Que há mais luxúria numa ordem sussurrada do que num grito.
Com ela, descobri que gosto de dominar.
Mas também de provocar entrega com respeito. Que o verdadeiro prazer está na confiança.
Durou pouco. As relações intensas raramente duram muito. Mas deixam marcas.
E ela deixou. No corpo. Na memória. E nos contos.
Depois dela, nada foi igual.
Voltei ao blog com mais força. Escrevia sobre o que vivia. E sobre o que desejava viver. As personagens passaram a ter cheiro. A ter passado.
A gemer como quem grita verdades.
Comecei a perceber que o que me excitava não era apenas o sexo — era a história por trás.
A tensão. A provocação. A entrega.
Comecei a guardar nomes. E memórias.
Comecei a numerar: Memória 1, 2, 3…
Hoje, chamo-lhe “As 172 Memórias do Leo” (podes seguir o perfil onde as escrevo aqui).
Porque em cada uma delas, eu deixava um pedaço de mim.
Escrevia com tesão, sim. Mas também com amor. Com raiva. Com medo. Com ternura.
Fui coleccionando histórias. Algumas vividas. Outras apenas desejadas. Outras ainda, inventadas com base nos corpos que me inspiraram.
Corpos reais. Pessoas reais. Amores reais.
E sempre a pergunta:
Será que quem me lê me reconhece?
Será que alguém sabe que sou eu?
A escrita tornou-se uma forma de viver. Um segundo coração.
Enquanto o mundo lá fora me via como mais um jovem a estudar, a sair à noite, a viver a vida, dentro de mim ardia um autor. Um contador de segredos.
Um homem que desejava com o corpo todo. E que aprendeu a usar palavras como dedos.
Voltando à Neusa – Prazer como protesto
Chamei-lhe Neusa, mas podia ter-lhe chamado verdade.
Com ela aprendi que o prazer pode ser luta.
Que quando se ama com intensidade, o corpo não mente — mas também não se cala.
E o meu já gritava mais do que gemia.
Ela vinha de Aveiro. Era filha de um angolano e de uma portuguesa. Morena, olhos de tempestade e uma voz que me fazia parar o mundo.
A primeira vez que fizemos sexo, nem sequer houve penetração.
Ficámo-nos pelos beijos longos, mãos entre pernas e ordens murmuradas.
— Não te mexas. Quero que aprendas a desejar com o corpo todo.
E eu aprendi.
Com ela, entrei no mundo do BDSM com respeito, não como fetiche barato.
Aprendi que dominar não é humilhar. É guiar.
É sussurrar: “confia em mim”, e cumprir.
É construir uma tensão tão profunda que o orgasmo deixa de ser físico e passa a ser existencial.
Amava a Neusa com uma fome crua. E ela amava-me com um olhar que pedia mais do que amor.
Queria rendição. E eu queria conquista.
Fizemos pactos silenciosos. Testámos jogos.
Primeiro vieram as vendas. Depois os pulsos atados com lenços. Depois as palavras certas: “És minha.”
E ela sorria, entregue, nua de medo, vestida de fogo.
Comecei a escrever contos diferentes.
Menos inocentes. Mais densos. Onde o prazer vinha com regras.
Onde o toque precisava de consentimento e coragem.
Onde quem lia tremia. De desejo. E de identificação.
Porque todos — todos — já quiseram mandar ou obedecer. Nem que seja por uma noite.
O blog crescia. As mensagens multiplicavam-se. Alguns queriam apenas ler. Outros queriam viver.
Recebia e-mails de mulheres a contar fantasias que nunca tinham confessado a ninguém.
Homens a perguntar como dominar sem ferir. Casais a agradecer os contos que salvaram a intimidade deles.
Comecei a perceber que o que eu escrevia não era só masturbação literária.
Era ponte. Era espelho. Era protesto.
Protesto contra o sexo rotineiro. Contra o amor morno. Contra o toque rápido e vazio. Contra a vergonha de querer mais — de querer tudo.
Eu queria tudo. Sempre quis.
Mas a Neusa foi embora. Levou o cheiro, os chicotes e o silêncio confortável. Ficou a ausência.
E a necessidade de criar algo maior.
A escrita passou a ser sobrevivência. Comecei a coleccionar memórias como quem guarda relíquias.
A primeira que escrevi depois dela foi violenta.
Não no sentido físico — mas emocional.
Um conto sobre um homem que se apaixona por uma mulher casada.
E que se vê obrigado a fugir do prazer porque o prazer virou castigo.
Esse homem era eu. Ou pelo menos, a parte de mim que ainda achava que o amor podia vencer o tempo.
Depois veio a Filipa. Uma morena sardenta, de riso fácil e tesão constante.
Com ela aprendi a importância do riso no meio do sexo. Sim, do riso.
Porque há algo de profundamente íntimo em virmo-nos a rir. Em rir antes de nos virmos.
A Filipa tinha uma sede diferente: queria ser tocada com palavras.
— Conta-me o que vais fazer. Mas antes de fazeres.
E eu contava. Detalhadamente.
A forma como a ia despir, a língua onde iria primeiro, a ordem dos beijos, a força dos dedos.
Era uma coreografia verbal. E ela derretia. Durou o tempo que tinha de durar. Ficou o conto.
As memórias acumulavam-se. A cronologia do meu prazer ia-se escrevendo como uma autobiografia secreta.
Era quase uma religião. E a minha religião tinha altar, mas não dogmas.
Tinha regras, mas todas podiam ser quebradas com o consentimento certo.
A minha cama era um confessionário. As palavras, os meus pecados.
E cada mulher, uma missa privada onde me redimia em gemidos.
Comecei a entender que eu não escrevia contos. Escrevia rituais.
Escrevia pedaços da minha pele em forma de parágrafo.
E depois… veio a Tânia.
Mas ela… ela merece um capítulo só dela.
Intimate: Onde o prazer arde sem limites
Chamei-lhe Tânia, mas podia ter-lhe chamado castigo.
Conhecemo-nos quando eu tinha 25. Já não era o rapaz do blog, era o homem por trás do pseudónimo.
Tinha vivido o suficiente para saber que nem todo o amor salva, mas ainda não sabia que havia amores que te enterram vivo.
Ela apareceu depois da Filipa, numa fase em que eu achava que tinha tudo sob controlo.
Morena, olhar magnético, corpo que pedia toque e mente que pedia guerra.
Era o tipo de mulher que te desafia só por existir.
E eu, que sempre gostei de fronteiras, deixei-me invadir sem resistência.
Com a Tânia, o prazer tornou-se obsessão.
Fazíamos amor como se o mundo fosse acabar.
Beijávamo-nos como se não soubéssemos se voltávamos a acordar juntos.
E discutíamos como se a raiva também tivesse orgasmos.
Era intensa. Selvagem. Inesquecível.
Ela sabia que eu escrevia. Sabia que Leo não era só um nome de autor — era um lado meu que eu deixava escapar nos contos, nos toques, nos olhares.
Ela lia tudo. E cada memória publicada era um espelho onde ela se tentava ver.
— Esta sou eu?
— Esta foi antes de mim?
— Vais escrever sobre mim?
E eu escrevia. Claro que escrevia. Mas nunca soube se ela gostava ou se doía.
Durante dois anos vivemos entre o prazer absoluto e a instabilidade crónica.
Amávamo-nos como quem se destrói. E foi isso que aconteceu.
Fui fraco. Fui egoísta. Fui homem.
Traí-a com a melhor amiga. A Mariana.
Não procurei. Não planeei. Mas aconteceu.
Um momento. Um erro. Um orgasmo que arrastou tudo para o fundo.
A Tânia descobriu. E nunca mais fomos os mesmos.
Ela saiu da minha vida. Mas deixou-me um vazio que se tornou combustível.
Escrevi como nunca tinha escrito. Dias inteiros de histórias.
Noites sem sono, só teclas e gemidos inventados.
Cada conto era uma tentativa de me redimir. Cada memória, uma confissão disfarçada de fantasia.
Foi nesse período que percebi que o Leo não era só um alter-ego. Era uma extensão real de mim.
Uma versão minha mais honesta, mais crua, mais livre.
E foi aí que nasceu o projeto Intimate.
Criei-o (com a enorme ajuda da Pimenta Doce) para dar espaço a tudo o que me habitava. Para dar nome às sombras e aos desejos.
Para criar um universo onde o prazer não tinha vergonha. Onde as histórias ardiam, mas também curavam.
O projeto Intimate não é só contos. É um manifesto.
Uma colecção de vontades, de histórias que tocaram quem lê.
É o espaço onde o Leo vive inteiro, onde o sexo é arte, onde a entrega é celebrada.
Hoje, escrevo para quem sente. Para quem já traiu e foi traído.
Para quem ama e também deseja outros corpos.
Para quem quer mandar ou ser mandado.
Para quem não sabe explicar porquê — mas sabe que precisa.
A minha cronologia não é só de memórias.
É de pecados, de perdões, de gemidos e confissões.
Sou o Leo. Sou o homem por trás das palavras.
Sou aquele que escreve para te fazer sentir.
Para te fazer excitar, estremecer, pensar.
E, quem sabe, para te fazer vir enquanto descobres um pouco mais de ti.
Porque no fundo, cada conto meu… também é um pedaço teu.
E agora que sabes tudo — diz-me:
Tudo pronto para entrares neste universo comigo?
As ex, os segredos e a Voz com Pimenta
Cada mulher que passou pela minha vida deixou mais do que um nome — deixou uma memória.
Cátia, Neusa, Filipa, Tânia, Mariana… todas elas fazem parte desta cronologia e merecem o seu próprio espaço, sem filtros nem vergonha.
É por isso que a rubrica Voz com Pimenta vai contar essas histórias ao pormenor — com o calor, a verdade e a ousadia que só lá se encontram.
Vais ouvir gemidos entre linhas, descobrir traições escondidas em metáforas, sentir o arrepio das confissões mais íntimas.
Porque isto não é só sobre sexo. É sobre quem fui, quem sou…
E quem ainda desejo ser. Queres ouvir o que nunca te contaram?
Escuta aqui os episódios gratuitos – Voz com Pimenta