O Porto despertava lentamente naquela manhã fria de sábado.
A luz pálida de inverno envolvia os edifícios históricos da cidade com um véu cinzento, mas o movimento tímido nas ruas começava a dar sinais de vida.
Estacionei o carro em frente ao prédio onde Flávia morava, na Baixa, e esperei enquanto observava os transeuntes a apressarem-se, embrulhados em casacos pesados e cachecóis.
O vento era cortante, mas havia algo em mim que aquecia a antecipação daquele dia.
A Flávia era brasileira e tinha vindo estudar para o Porto há alguns meses.
Conhecemo-nos numa noite despreocupada no centro da cidade, daquelas em que o destino parece brincar connosco.
A química foi imediata. Ela era linda, com os seus cabelos castanhos ondulados e olhos tão expressivos que era impossível não se perder neles.
Mas o que me cativava era o jeito despretensioso e aquela leveza que só parecia acentuar a sua sensualidade.
Assim que vi a porta do prédio abrir-se, lá vinha ela.
Estava envolvida num casaco cinzento que lhe acentuava a silhueta, e o cachecol colorido em volta do pescoço destacava-se no meio do cenário cinzento da manhã.
Caminhava com confiança, o sorriso aberto a iluminar-lhe o rosto.
— Leonardo, bom dia! — saudou-me, ajeitando o cachecol enquanto lançava um olhar curioso para o carro. — Tá muito frio, não tá? Achei que ia congelar no caminho até aqui!
Ri-me enquanto saía do carro para lhe abrir a porta. — Bem-vinda ao inverno português. Mas não te preocupes, o carro está quentinho.
— Ai, ainda bem, porque eu tava a duvidar das minhas escolhas de vida hoje de manhã! — respondeu com uma gargalhada antes de entrar no carro.
Flávia tinha esse jeito descontraído que tornava qualquer conversa mais leve.
Assim que se acomodou no banco do passageiro, lançou-me um olhar curioso. — Pronto, agora diz aí… para onde é que estamos indo mesmo?
— É surpresa. — Disse-lhe com um sorriso misterioso, ajustando o GPS. — Vais ter de confiar em mim.
Ela inclinou a cabeça e cruzou os braços. — Hum… confiar em você? Não sei, hein. Mas já que eu aceitei vir, acho que agora não tem volta, né?
O carro arrancou, e começámos a atravessar as ruas ainda meio desertas da cidade.
A viagem até Celorico de Basto prometia ser agradável, não só pelas paisagens, mas porque a companhia era perfeita. Tinha planeado tudo com cuidado (a ida à loja da Pimenta Doce Lingerie).
A Pimenta Doce Lingerie pertence ao mesmo grupo da Belle Boutique, sendo que a loja física inclui ambas as marcas.
Embora apenas algumas lingeries da Pimenta Doce estejam em exposição, todos os seus produtos estão disponíveis para venda, uma vez que o armazém da marca fica no piso inferior da loja.
Assim, a Belle Boutique funciona como o espaço que reúne o melhor das duas marcas, oferecendo uma seleção sofisticada e exclusiva.
Eu conhecia a Marília, a dona da loja, há algum tempo, e sabia que ela adoraria conhecer a Flávia.
Além disso, havia uma outra surpresa: Lulu, uma influencer carismática e deslumbrante, estaria lá para criar conteúdos para a nova coleção.
A estrada começou a revelar os primeiros sinais de fuga à cidade.
À medida que o Porto ficava para trás, as paisagens transformavam-se em colinas suaves, intercaladas com aldeias pitorescas e pequenas vinhas.
A conversa com a Flávia fluía naturalmente, como sempre acontecia.
Ela contou-me sobre a sua experiência de viver em Portugal, as coisas que adorava e as que achava… curiosas.
— Mas olha só, eu nunca vi gente pra falar tanto do tempo igual a vocês! — disse, rindo-se, enquanto apontava para fora da janela. — É chuva, sol, frio… parece que não tem outro assunto!
Ri-me enquanto mudava de faixa. — É o nosso desporto nacional. Além disso, o tempo aqui muda tanto que é quase um passatempo tentar adivinhar como vai estar daqui a uma hora.
Ela revirou os olhos, mas não conseguiu esconder o sorriso. — Tá bom, vou te dar esse crédito. Mas sério, acho engraçado como vocês fazem de tudo um bocadinho mais… complicado.
— Complicado? Nós somos práticos. Só gostamos de pensar em todas as possibilidades antes de fazer algo. — Respondi, piscando-lhe o olho.
— Sei… — disse ela, arrastando a palavra com um tom provocador. — Então espero que essa sua “possibilidade” de hoje valha a pena, viu? Porque sair da cama cedo numa segunda-feira não é pra mim, não.
— Confia em mim, vais adorar. — Garanti-lhe.
A paisagem tornou-se ainda mais bonita à medida que nos aproximávamos de Celorico de Basto.
As montanhas ao longe estavam cobertas por uma fina camada de nevoeiro, e as pequenas aldeias pareciam saídas de um conto.
A tranquilidade do lugar era quase palpável, e percebi que a Flávia estava a ficar cada vez mais intrigada.
— E agora vai ter de me contar. Que loja é essa? Disse que era especial, mas você não falou muito mais. — Ela inclinou-se ligeiramente, como se quisesse arrancar-me a resposta.
Olhei para ela de relance, tentando manter o ar enigmático. — É uma loja que tem lingerie, mas não é uma loja qualquer.
A Marília, a dona, tem um dom especial para apresentar peças que fazem qualquer pessoa se sentir irresistível.
A Flávia sorriu, mordendo levemente o lábio. — Hum… uma loja de lingerie, é? Isso tá ficando interessante. Só te aviso uma coisa, Leonardo: se me levar a uma loja dessas, espero que pelo menos me ofereça um presente.
Soltei uma gargalhada. — Veremos. Quem sabe?
Finalmente, o GPS indicou que estávamos a chegar. Assim que virámos na rotunda, a fachada elegante da loja surgiu à nossa frente.
Estacionei o carro e saí para abrir-lhe a porta.
— Chegámos. — Disse, apontando para a entrada.
Ela olhou para dentro da loja, onde algumas peças de lingerie estavam expostas em manequins elegantemente decorados. — Uau… Leo, isto parece de revista! Que lugar lindo.
— E ainda nem viste nada. — Respondi com um sorriso. — Vamos?
Ela ajeitou o cachecol e esperou que eu abrisse a porta. Enquanto entrávamos, um calor acolhedor envolveu-nos, e o aroma suave de flores preencheu o espaço.
A aventura estava apenas a começar.
Conhecer a loja e os produtos da Pimenta
Assim que atravessámos a entrada, o calor acolhedor do interior envolveu-nos, afastando o frio cortante do lado de fora.
A loja é aconchegante, mas está tão bem organizada que cada detalhe parece ter um propósito.
À direita, o canto dedicado às lingeries é o ponto central da atenção: os manequins na loja exibem peças da Pimenta Doce e da Belle Boutique.
Voltando às lingeries, as rendas, as transparências e os cortes sofisticados destacam-se em tons que vão do preto clássico ao azul e vermelho profundos, com algumas peças em nude e pastel para contrastar.
Pequenos espelhos estrategicamente posicionados refletem os detalhes das peças, fazendo-as parecer ainda mais irresistíveis.
A iluminação é suave e atrativa, criando uma atmosfera íntima e convidativa.
Não tivemos muito tempo para absorver o espaço antes de ouvirmos uma voz animada:
— Leo! Que surpresa tão boa! — exclamou a Marília, com um sorriso aberto e os braços estendidos, como se não esperasse ver-nos ali.
A Marília é assim, cheia de energia e entusiasmo. Vestia um conjunto descontraído, mas impecável.
O cabelo castanho, solto e brilhante, caía-lhe pelos ombros, e os olhos brilhavam de surpresa e alegria.
— Como é que não me avisaste a mim e ao Bruno que vinhas? Já viste o susto bom que me pregaste? — continuou ela, aproximando-se para me cumprimentar com dois beijos na face.
— Queria fazer uma surpresa. E olha, trouxe companhia. — Disse eu, sorrindo enquanto me afastava para apresentar a Flávia.
Os olhos de Marília pousaram na Flávia, avaliando-a rapidamente com aquele ar curioso, mas acolhedor, que é tão característico dela.
— E esta menina bonita? — perguntou, já com um sorriso nos lábios.
— Esta é a Flávia, uma amiga minha que está a estudar no Porto. Achei que ia gostar de conhecer a loja. Flávia, esta é a Marília, a mulher por trás de tudo isto.
A Flávia deu também dois beijos, claramente encantada. — Muito prazer, Marília. A sua loja é maravilhosa! Estou impressionada com os detalhes, com tudo.
— Oh, querida, muito obrigada! E bem-vinda. Sente-te em casa. Aqui na Pimenta Doce, tudo é pensado para que as mulheres se sintam confiantes e bonitas. — A Marília piscou-lhe o olho antes de acrescentar: — E, pelo que vejo, não vais ter problemas com isso.
A Flávia riu-se, um pouco lisonjeada, enquanto a Marília se voltava para mim.
— Olha, e estás com sorte. Hoje temos aqui a Lulu a ajudar-me nas filmagens. Estamos a fazer conteúdo para as redes sociais e para o novo catálogo.
Foi então que notei a Lulu, um pouco mais ao fundo, posicionada junto ao canto direito da loja, onde estavam os manequins com as lingeries.
Ela estava de costas, a ajeitar um conjunto no manequim enquanto conversava com o Bruno que ajeitava o telemóvel no tripé.
O Bruno, assim que me viu, também fez uma enorme festa. Aliás, Eu dou-me muito bem com o Bruno e sempre que estamos juntos é uma comédia total.
Cumprimentei-o também e apresentei-me à Lulu.
— Então tu é que és o famoso Leo? — exclamou a Lulu, aproximando-se com a mesma graciosidade com que posava nas redes sociais. Trajava um conjunto casual, mas irrepreensível, com um casaco de cabedal preto sobre um top justo. — Que bom te conhecer!
— Olá, Lulu. Prazer. Fico feliz por também te conhecer. Olha esta é a Flávia, que está a estudar no Porto. — Apresentei-a, enquanto a Flávia sorria de forma tímida, mas claramente impressionada com a presença da Lulu. — Flávia, esta é a Lulu. Ela tem uma parceria com a Marília e é uma das melhores influencers que vais encontrar.
A Lulu cumprimentou a Flávia com simpatia. — Muito prazer, Flávia. Espero que estejas a gostar da loja.
— A loja é incrível. E você… — Flávia hesitou por um momento, claramente admirando a confiança de Lulu. — Você é ainda mais bonita ao vivo do que nas redes. É que eu já a sigo kkkk
A Lulu soltou uma gargalhada descontraída. — Oh, a sério? Obrigada! Mas olha que com esse teu charme, devias ser tu a fazer parte de uma destas filmagens.
A Flávia corou levemente, mas antes que pudesse responder, a Marília interveio. — Ora bem, Leo, diz-me: o que vos trouxe aqui? Vieram só visitar ou há algo em especial que queres mostrar?
— A verdade é que queria mostrar algumas peças à Flávia. Não há problema, pois não? — perguntei, já a saber a resposta.
— Claro que não! — respondeu a Marília, animada. — E até vais a tempo de ver algumas novidades. Lulu, anda cá, ajuda-me a mostrar-lhes o que temos.
A Lulu regressou ao canto direito da loja, onde os manequins estavam arranjados, enquanto a Marília se juntava a ela.
A interação descontraída entre as duas mostrava que estavam completamente à vontade no que faziam.
A Flávia começou a olhar com atenção para os cabides, passando os olhos pelas rendas, pelos detalhes dos cortes e pelas cores.
Um dos conjuntos em particular chamou-lhe a atenção: o Set Magnetic da Pimenta Doce, exibido num dos manequins.
Com rendas pretas a envolverem delicadamente o soutien de aros e cuecas de cintura alta com detalhes de transparência e tiras ajustáveis, o conjunto emanava uma sensualidade clássica, mas ao mesmo tempo arrojada.
A Lulu, que estava a tocar na mesma peça para ajustá-la para as filmagens, voltou-se para a Flávia com um sorriso confiante.
— Tens bom gosto. Este é um dos modelos mais recentes da Pimenta e, sinceramente, acho que ficaria perfeito em ti. — disse a Lulu, enquanto os olhos de Flávia continuavam presos nos detalhes do conjunto.
A Flávia hesitou, mordendo o lábio inferior, claramente tentada, mas com alguma reserva. — Não sei… parece muito… ousado. — respondeu, sem desviar o olhar da peça.
A Marília, que, entretanto, se tinha aproximado, colocou uma mão no ombro da Flávia, encorajando-a com o seu tom direto e amigável. — Ousado é só o que dizemos antes de experimentarmos algo que nos deixa incríveis. E, vá lá, tens aqui o Leo para te prendar hoje. Não tens nada a perder.
A Flávia riu-se, ainda um pouco tímida, mas os olhos brilharam com a ideia. Pegou no conjunto com cuidado, mas parou e olhou para a Marília. — Mas posso experimentar? Só para ter a certeza de que me serve?
A Marília abanou a cabeça com um sorriso compreensivo. — Podes experimentar o soutien e a parte de baixo também, sempre por cima da tua cueca por questões de higiene. Mas, olhando para ti, posso garantir que este conjunto te vai assentar como uma luva.
Foi nesse momento que me aproximei, inclinando-me ao ouvido da Flávia. Com um tom baixo e íntimo, sussurrei: — Leva-o e veste-o por baixo da roupa. Quando chegarmos a Braga, eu quero ver como fica no teu corpo.
A Flávia olhou para mim com um sorriso cúmplice e um toque de provocação nos olhos. — Ai, Leo, estás impossível. OK, eu levo. — disse ela, apertando ligeiramente o conjunto contra o peito.
A Lulu e Marília aperceberam-se do momento entre nós e trocaram um olhar divertido.
A Lulu sorriu de lado e voltou à sua tarefa de preparar outro manequim para as filmagens, enquanto a Marília, com o profissionalismo de sempre, seguiu para o balcão, pronta para finalizar a venda.
— Podes ir ao provador ver como te sentes com ele por baixo da roupa. — acrescentou a Marília, piscando-lhe o olho.
Brinquedos para apimentar o dia e mais surpresas
A Flávia desapareceu para o provador com o Set Magnetic, enquanto eu me deixava ficar junto ao balcão, onde a Marília já tinha algumas novidades em exposição.
Olhei para os itens e, depois de um momento de reflexão, chamei-a de lado.
— Marília, quero levar mais algumas coisas para oferecer à Flávia. Tens brinquedos aqui? Algo que combine com a vibe dela?
A Marília sorriu ao ouvir o meu pedido, compreendendo exatamente a minha intenção. Aproximou-se de mim, baixando ligeiramente o tom de voz para manter a discrição.
— Leo, já sabes que não costumo ter essas coisas expostas na loja, mas… no armazém, tenho algumas opções que acho que te vão interessar. Espera um pouco, já volto.
Ela dirigiu-se às escadas por detrás do balcão, passou pela cortina e desapareceu por alguns minutos, enquanto eu fiquei encostado ao balcão, observando a Lulu a fazer algumas poses para a câmara e ouvindo o murmúrio baixo do Bruno.
A Flávia continuava no provador, provavelmente a ajustar o Set Magnetic, mas a ideia de ter o conjunto vestido por baixo da roupa já estava a mexer comigo.
Quando a Marília voltou, trazia uma caixa discreta nas mãos, que colocou no balcão à minha frente.
— Aqui está. Tinha já uma seleção feita e até já te pensado conversar contigo sobre ela. Eu acho que vai ao encontro do que procuras. — disse, abrindo a tampa para revelar os itens embalados com cuidado.
Primeiro, ela pegou num frasco pequeno e elegante.
— Bom, este já conheces (segurou com a mão o Miyoshi Miyagi New York Perfume com Feromonas). Leva-o que ela vai gostar.
Assenti, interessado, enquanto a Marília continuava. Pegou numa caixa pequena e arredondada.
— Isto aqui é uma vela de massagem afrodisíaca da Shunga. A ideia é simples: acendes a vela, deixas o aroma preencher o espaço e depois usas a cera derretida como óleo de massagem. É quente, mas suave na pele.
— Interessante… — murmurei, já a imaginar as possibilidades.
Ela sorriu e segurou no próximo item, um tubo elegante.
— Este é o Bijoux Gloss para sexo oral, com efeito quente e frio. A combinação de sensações vai garantir momentos… inesquecíveis. — piscou-me o olho antes de prosseguir.
A Marília colocou o tubo de lado e tirou um aparelho rosa moderno.
— Agora, este é um sucesso de vendas: o Satisfyer Curvy 3. É um vibrador que combina sucção e estimulação de pressão.
Quem experimenta nunca esquece. — Disse isto com uma confiança que me fez sorrir.
Por fim, retirou o último item da caixa.
— E para algo mais… completo, aqui tens o BlackSilver Vibrador de Rotação e Estimulação Clitoriana.
É potente, mas fácil de usar. Uma escolha para quem gosta de explorar diferentes sensações.
Olhei para tudo aquilo, impressionado com a seleção.
— Acho que acabaste de fazer o pacote perfeito, Marília. Adiciona tudo, vou levar.
Quero que este dia fique gravado na memória dela.
A Marília riu-se enquanto começava a embalar os itens, com o mesmo cuidado com que os tinha apresentado.
— Estou a gostar de ver esse teu lado cuidadoso. Acho que a Flávia vai adorar tudo.
Enquanto ela terminava de preparar os pacotes, a Lulu aproximou-se do balcão, agora sem a câmara por perto, e encostou-se de forma descontraída.
— Então, Leo… Vejo que estás empenhado em tornar este dia especial. — disse ela, com um sorriso divertido e o tom brincalhão que lhe era tão característico.
— Claro. Quero que ela tenha uma experiência à altura do lugar e das pessoas incríveis que conheceu hoje. — respondi, piscando-lhe o olho.
— Boa resposta. — disse a Lulu, rindo-se. Depois, cruzou os braços e olhou para o provador. — Sabes, acho que ela já estava bonita quando entrou aqui, mas com o Magnetic? Bem, vocês os dois vão ter uma noite… interessante.
Foi nesse momento que a cortina do provador abriu-se, e Flávia saiu.
Já tinha vestido o conjunto por baixo da roupa, mas a diferença estava nos olhos dela. Caminhava com uma nova confiança, como se o Set Magnetic tivesse despertado algo nela.
Quando os nossos olhares se encontraram, percebi que ela sabia exatamente o efeito que estava a ter em mim.
— E então? — perguntou ela, ajustando o colar no pescoço com um gesto casual, mas calculado. — Achas que fiz a escolha certa?
— Absolutamente. — respondi com um sorriso cheio de significado.
A Marília, que já tinha terminado de embalar a sacola, estendeu-a com um sorriso para a Flávia.
— Aqui tens, querida. Espero que te divirtas.
A Flávia aceitou a sacola, mas, assim que sentiu o peso e a forma volumosa, franziu o sobrolho e lançou-me um olhar desconfiado.
— Leo… Isto não é só o conjunto, pois não? O que é que tem aqui? Está muito pesado para ser só a lingerie.
A Marília, mantendo o seu sorriso cúmplice, respondeu num tom casual:
— Não é só isso, não. O Leo pediu-me para preparar algo especial para ti. Coloquei alguns mimos adicionais que acho que vais adorar.
A Flávia arregalou os olhos e apertou a sacola contra o peito, rindo-se de forma nervosa.
— Meu Deus… O que é que vocês dois andaram a tramar?
Inclinei-me ligeiramente para ela e sussurrei com um sorriso provocador:
— Surpresa. Vais ter de esperar até Braga para descobrir.
A Flávia lançou-me um olhar misto de curiosidade e provocação.
— Ai, Leo, você é impossível. Agora não sei se fico ansiosa ou preocupada.
A Marília e Lulu riram-se, enquanto Flávia olhava para a sacola como se quisesse abri-la ali mesmo. Mas antes que o fizesse, a Marília acrescentou: — Só para te dar um gostinho do que está lá dentro: além do conjunto que escolheste, coloquei três modelos surpresa de lingerie e um robe muito sexy. Ah, e os brinquedos que o Leo pediu para ti.
— Quê?! Três modelos? Um robe? E… brinquedos? — A Flávia parecia estar em choque, os olhos arregalados enquanto abraçava a sacola com mais força.
— Leo, o que é que você andou a pedir?
— Confia em mim. Vais gostar. — Respondi, cruzando os braços com um sorriso satisfeito.
A Lulu aproximou-se e tocou no braço da Flávia de forma amigável.
— Olha, quando experimentares a lingerie e os outros mimos — e acredita, vais querer experimentar tudo — manda-me uma mensagem no Instagram a dizer o que achaste, combinado? Quero saber como te sentiste com eles.
A Flávia riu-se, claramente embaraçada, mas assentiu.
— Tá bom, Lulu. Prometo que te mando mensagem. Mas já posso dizer que o conjunto que escolhi é lindo, então estou curiosa com os outros.
— Deixa-te surpreender. — respondeu a Lulu, piscando-lhe o olho com um sorriso divertido.
A Marília observava a cena com satisfação, de braços cruzados.
— Bem, querida, só te posso dizer que escolhi os outros modelos a pensar em ti.
Depois diz-me se acertei. Foi um prazer ter-vos aqui.
— Obrigada, Marília. A loja é incrível, e você foi tão querida. Vou mesmo voltar, nem que seja só para ver as novidades e conversar um pouco mais com a Lulu — disse a Flávia, com um sorriso sincero e divertido.
— Boa viagem, Leo. E tu, Flávia, espero que te divirtas muito. Não te esqueças da nossa promessa, quero mesmo receber uma mensagem tua a contar tudo! — disse Lulu, despedindo-se com o mesmo sorriso encantador.
— Não vou esquecer! — respondeu Flávia, rindo-se enquanto saíamos.
Era a hora do Leo ser surpreendido
Já de volta à estrada, o silêncio no carro era preenchido apenas pelo som do motor e pelos meus pensamentos.
A Flávia parecia pensativa, com a sacola no colo, mas o sorriso brincalhão que lhe dançava nos lábios mostrava que tinha algo em mente.
Estávamos a percorrer a Estrada Nacional 15, uma via tranquila que ligava Celorico de Basto ao resto do país, rodeada por paisagens de montanhas e árvores que se estendiam pelo horizonte.
Era o cenário perfeito para uma viagem que parecia estar a aquecer a cada quilómetro.
A Flávia quebrou o silêncio, virando-se para mim com um brilho malicioso nos olhos.
— Leo… Posso confessar uma coisa?
Olhei para ela de relance, curioso. — Claro. O que foi?
Ela inclinou-se ligeiramente no banco, aproximando-se de mim enquanto mordia o lábio inferior. — Desde que saímos da loja, não consigo parar de pensar em tudo o que está nesta sacola.
Ri-me, tentando manter os olhos na estrada. — Isso é bom ou mau?
Ela riu-se também, mas depois o tom dela mudou.
A voz ficou mais baixa, mais rouca. — É muito bom. Na verdade, é tão bom que eu estou… molhada desde que saímos de lá.
Aquela confissão foi como um estalo. O meu corpo reagiu instantaneamente, e tive de me concentrar para manter as mãos firmes no volante.
Senti o olhar dela fixo em mim, e quando olhei de relance, vi que ela sorria, completamente consciente do efeito que estava a ter.
— Flávia… — Comecei, mas ela interrompeu-me.
— Encoste. — pediu, num tom que era mais uma ordem do que uma sugestão.
Olhei em volta, procurando um lugar seguro. A EN15 tinha alguns recantos tranquilos, e depois de uns minutos avistei uma área de paragem junto a um pequeno bosque, rodeado por árvores que pareciam proteger-nos de olhares curiosos.
Encostei o carro devagar, sentindo a adrenalina a subir enquanto estacionava.
Assim que desliguei o motor, a Flávia não perdeu tempo.
Soltou o cinto com um movimento rápido e inclinou-se sobre mim, puxando-me para um beijo urgente e cheio de desejo.
Os lábios dela encontraram os meus com intensidade, quentes e molhados, como se ela estivesse à espera daquele momento desde que saímos da loja.
O aroma doce e subtil do perfume que usava misturava-se com o calor do seu corpo, criando um ambiente que parecia prender o ar dentro do carro.
Os beijos dela eram vorazes, mas logo começaram a descer, deixando um rasto molhado pela linha do meu maxilar, até alcançarem o meu pescoço.
Os seus lábios entreabertos alternavam entre pequenas lambidelas e mordidas suaves, seguidas de suspiros roucos que me arrepiavam da cabeça aos pés.
Os meus sentidos estavam completamente tomados por ela.
Enquanto me beijava, as mãos dela desceram para o meu peito, explorando com movimentos firmes, mas ao mesmo tempo delicados.
Era impossível não reagir à intensidade dela. Mas o que fez o meu coração disparar ainda mais foi o momento em que uma das mãos dela deslizou até ao fecho das minhas calças.
Ela sorriu contra o meu pescoço antes de deixar os dedos percorrerem a área, pressionando de leve para sentir o volume crescente.
— Estou falando sério, Leo. — murmurou ela contra a minha pele, a voz dela carregada de provocação e desejo. — Não consegui parar de pensar em como me sinto com este conjunto… e o que ele vai fazer consigo quando o vir.
Tentei responder, mas as palavras escaparam-me quando ela voltou a beijar-me, agora com ainda mais intensidade.
Ela sabia exatamente o que estava a fazer, e eu estava a perder qualquer controlo que achava ter.
As minhas mãos, até então hesitantes, começaram a reagir quase instintivamente.
Subiram pelas coxas dela, entrando assim por baixo do vestido que usava.
O tecido subiu com facilidade, e logo senti a renda macia do conjunto que ela tinha escolhido na loja. Era perfeito.
A textura do soutien esticava-se na lateral do corpo dela, enquanto as minhas mãos exploravam, subindo e descendo pelas curvas. Quando desci mais um pouco, toquei as cuecas dela, que estavam já quentes e húmidas.
O calor que emanava do corpo dela era suficiente para me deixar completamente fora de mim.
— Flávia… — consegui murmurar, tentando recuperar algum controlo.
Mas ela não parou. Continuou a pressionar a mão contra as minhas calças, sentindo como o meu corpo reagia a cada movimento dela, como estava bem duro.
A cada segundo, o ambiente dentro do carro tornava-se mais intenso, o ar mais pesado, como se o espaço fechado fosse demasiado pequeno para a energia entre nós.
— Continua a conduzir, Leo? Ou paramos aqui? — provocou ela, afastando-se apenas o suficiente para olhar para mim, com os olhos a brilharem com um misto de desejo e desafio.
Sorri, tentando recuperar o fôlego, enquanto os nossos rostos ainda estavam próximos. — Acho que isso depende de ti.
Ela inclinou-se para trás, ajeitando o vestido com um sorriso vitorioso, como se soubesse exatamente o efeito que tinha acabado de causar.
— Hum… acho que quero guardar o melhor para depois. Mas precisava de te provocar. — disse ela, enquanto se ajeitava no banco com uma calma que contrastava com o momento de loucura anterior.
Respirei fundo, enquanto procurava recuperar a compostura antes de voltar à estrada.
As minhas mãos ainda estavam a formigar, como se o calor dela ainda estivesse gravado na minha pele.
A Flávia ajustou o cinto de segurança com um ar tranquilo, mas o sorriso malicioso nos lábios continuava a provocar-me, como se estivesse a planear o próximo movimento.
— Braga vai ser interessante… — disse ela, baixinho, mais para si mesma do que para mim.
E eu soube, ali mesmo, que esta seria uma noite impossível de esquecer….
Continua em breve na parte 2