Sofia chegou ao café com passos decididos, os saltos ecoando na calçada como uma batida compassada. Trazia no olhar um brilho curioso, e nos lábios um sorriso meio tímido, meio provocador. Rui já a esperava numa mesa de canto, os olhos acompanhavam cada movimento dela como se gravasse tudo para não esquecer.
O encontro começou com risos leves, conversas soltas, e olhares que diziam mais do que as palavras. O café arrefeceu na mesa. Já as mãos, discretamente próximas, começaram a aquecer.
— Queres continuar esta conversa num lugar mais… tranquilo? — perguntou Rui, a voz baixa, carregada de intenção.
Sofia respondeu com um aceno e um leve morder de lábio, como quem sabia exatamente o que queria.
Na casa dele, o silêncio entre os dois era denso de antecipação. As mãos tocaram-se com mais firmeza, e os corpos encontraram-se como se já se conhecessem. Rui puxou-a pela cintura com delicadeza, os lábios encontraram os dela num beijo urgente, cheio de sede.
As mãos dele exploraram a curva das costas dela, subindo por debaixo da camisa leve. Sofia arrepiou-se quando os dedos dele tocaram sua pele nua, descendo pelas ancas e puxando-a contra si. Ela gemeu baixinho, mordendo-lhe o pescoço, sentindo o calor crescer entre as pernas.
Caíram sobre o sofá sem cerimónias. Rui despiu-a com uma lentidão deliciosa, como quem desembrulha um presente esperado há muito. Beijou-lhe o colo, os seios, os ombros, enquanto as mãos dela se aventuravam por debaixo da camisa dele, rasgando o tecido com pressa.
Ela sentou-se sobre ele, o olhar fixo no dele, os cabelos caindo-lhe pelos ombros. Movia-se devagar, provocando-o, sentindo a dureza dele pulsar por baixo das calças ainda meio abertas.
Foram-se despindo entre beijos e mordidas, entre gemidos e risos abafados. Quando ele a deitou na cama, o corpo dela já pedia mais. Rui explorou cada pedaço de pele, cada curva, cada suspiro. Beijou-lhe as coxas, mordeu-lhe o interior delas, até a ouvir perder o fôlego.
Os corpos encaixaram-se com naturalidade — urgentes, suados, desejosos. O som dos suspiros, o ranger da cama, o calor da pele — tudo se misturava como numa música que só eles sabiam dançar.
A primeira vez foi intensa, quase feroz. Depois vieram outras, mais lentas, mais profundas. As gotas de suor escorriam pelas costas dele, enquanto os olhos de Sofia o olhavam como se pedissem para nunca parar.
Horas depois, ainda entrelaçados, os corpos exaustos e os sorrisos saciados, ela sussurrou-lhe ao ouvido:
— Se todos os encontros do Tinder fossem assim…
Rui sorriu, puxando-a para mais perto.
— Este foi só o começo.
Depois do Começo
Sofia acordou com a luz suave da manhã a entrar pelas gretas da janela. Por um momento, pensou que tudo tivesse sido um sonho — mas o calor na pele, os lençóis desalinhados e o cheiro dele ainda na almofada desmentiam qualquer fantasia.
Rui estava na cozinha, de calças de fato de treino e nada mais. O cabelo desalinhado, a barba por fazer, e um ar descontraído que contrastava com a intensidade da noite anterior. Quando ela entrou, enrolada apenas num lençol, os olhos dele percorreram-lhe o corpo como se já sentissem falta de o tocar.
— Dormiste bem? — perguntou ele, servindo-lhe café.
— Dormi contigo, não foi? — respondeu ela, com um sorriso carregado de segundas intenções.
Rui aproximou-se, encostou o corpo ao dela e sussurrou-lhe ao ouvido:
— Ainda não acabámos.
Ela riu, mas antes que pudesse responder, os lábios dele já exploravam o seu pescoço. As mãos encontraram o caminho por baixo do lençol, e rapidamente tudo o que os separava voltou ao chão.
Desta vez foi diferente. Mais lento, mais íntimo. Ele guiou-a até a bancada da cozinha, deitou-a ali com cuidado, e ajoelhou-se entre as pernas dela. Beijou-a com paciência, explorando cada centímetro com a boca, como quem escreve um poema com a língua. Sofia entrelaçou os dedos nos cabelos dele, ofegando, gemendo baixo, entregando-se completamente.
Quando ela tremia de prazer, ele levantou-se e beijou-a profundamente, como se quisesse partilhar o gosto do que acabara de sentir. Os corpos voltaram a encontrar-se, desta vez contra a parede fria, o contraste apenas tornando o momento mais quente.
A respiração era descompassada, o prazer crescendo entre movimentos intensos e olhares cúmplices. Quando chegaram ao fim, ambos ofegantes, ela apoiou a cabeça no ombro dele, sorrindo.
— Isto é o que se chama de segunda impressão?
— Não. Isto é só o intervalo — murmurou ele.
Sofia não sabia o que viria depois, mas também não se importava. Ali, com o corpo ainda a vibrar e o coração acelerado, só conseguia pensar numa coisa: queria mais.
Intervalo
Sofia ainda sentia as pernas trémulas quando se deixou cair no sofá da sala, nua, enrolada apenas na camisa de Rui, que lhe ficava larga e cheirava a café e a corpo quente. Ele apareceu logo a seguir, com um copo de água numa mão e um sorriso matreiro no rosto.
— A tua energia é assustadora — disse ela, entre risos e suspiros.
— Ainda não viste nada — respondeu Rui, sentando-se ao lado dela.
Sofia bebeu um gole da água, e quando lhe passou o copo de volta, Rui pousou-o na mesa sem desviar o olhar. Estavam frente a frente, os corpos próximos, os olhos famintos um do outro — e naquele silêncio carregado de tensão, ela afastou as pernas lentamente.
Sem dizer uma palavra, Rui aproximou-se. Beijou-lhe o joelho, depois a coxa, depois o centro da sua vontade, outra vez. Desta vez, com uma lentidão quase cruel, saboreando-a como um vinho raro. Sofia agarrou o encosto do sofá com força, o corpo arqueando-se involuntariamente, entregue ao prazer cru, profundo, sem filtros.
Quando ele subiu por cima dela, sentiu o calor dele encostar-se à sua pele. Os beijos tornaram-se mais quentes, as mãos mais possessivas. Ela puxou-o para dentro de si com força, envolvendo-o com as pernas, querendo senti-lo por inteiro, como se precisasse daquele encaixe para se recompor.
Os movimentos tornaram-se mais urgentes, mais intensos. Ele agarrava-a pela cintura, sussurrando palavras sujas ao ouvido dela, enquanto os dois se perdiam naquele ritmo que só os corpos conhecem. O sofá rangia debaixo deles, os corpos suados, os corações descontrolados.
Sofia veio primeiro, com um grito abafado entre os lábios dele. Rui seguiu logo depois, afundando-se nela com força, até o tempo parar. Ficaram ali, colados, a respirar como se o ar fosse pouco, enquanto o suor escorria pelas costas e o desejo, por mais saciado, ainda vibrava nos ossos.
Ele saiu devagar, beijou-lhe a barriga, e deitou-se entre as pernas dela. Com um sorriso malandro, começou a beijá-la de novo ali — agora misturado, agora com um sabor novo, intenso, proibido.
Sofia, surpresa e excitada, entreabriu os lábios quando ele subiu para a boca dela. Rui não hesitou — cuspiu devagar, olhando-a nos olhos. E ela, ainda ofegante, lambeu os próprios lábios, engolindo tudo sem desviar o olhar.
— Gosto da tua ousadia — disse ela, com um sorriso sacana.
— Vais ver até onde ela vai — respondeu ele, puxando-a de novo para si.
O Jogo
A tarde avançava e o desejo parecia não dar sinais de cansaço. Rui e Sofia deitavam-se agora lado a lado, exaustos e satisfeitos, os corpos entrelaçados num emaranhado quente de pele e lençóis. Mas enquanto ele fechava os olhos por um instante, ela fitava o teto, como quem vê mais longe.
— Rui… posso fazer-te uma pergunta?
— Claro.
— Tens a certeza que és o único que conheço do Tinder?
Ele riu, virando-se de lado para encará-la.
— O que queres dizer com isso?
Sofia passou um dedo preguiçoso pelo peito dele, desenhando círculos lentos.
— Quero dizer… e se eu te dissesse que havia outro? Que antes de vir ter contigo, estive com ele?
O silêncio instalou-se de repente. Rui piscou, mas manteve a expressão serena.
— Estás a gozar comigo.
— Estou? — Ela sorriu, mordeu o lábio e subiu por cima dele outra vez. — Ou talvez não. Talvez tenha sido só uma curiosidade minha… testar os dois. Ver quem me fazia tremer mais.
Ele apertou-lhe a cintura com mais força, os olhos agora escuros, carregados de desejo e algo mais — algo entre raiva e fascínio.
— E… qual foi a conclusão?
— Ainda estou a decidir.
Rui virou-se, invertendo as posições, deixando-a debaixo dele. O sorriso dele já não era apenas lascivo — era de desafio.
— Então vou ter de garantir que não te restem dúvidas.
Ele não esperou resposta. Prendeu-lhe os pulsos acima da cabeça, e com o peso do corpo sobre ela, mergulhou de novo no jogo. Mas agora, havia algo diferente. A intensidade era outra. Como se ele não quisesse só satisfazê-la — queria dominá-la, marcá-la, ser impossível de esquecer.
Sofia provocava com os olhos, mordia os lábios, ria entre gemidos. Estava a adorar ver até onde ele iria.
E ele foi longe.
Usou a boca com mais ferocidade, explorou-a com mais vontade. Prendeu-lhe o cabelo, puxou-a para si, virou-a, falou-lhe ao ouvido com palavras cruas. Sofia arqueava-se, respondia, provocava mais. Era como se estivessem os dois num duelo erótico, cada um tentando vencer com prazer.
No fim, exaustos outra vez, Rui afastou o cabelo suado do rosto dela e disse:
— Podes experimentar quem quiseres. Mas ninguém vai foder a tua cabeça como eu.
Sofia sorriu, vitoriosa e rendida ao mesmo tempo.
— Era isso que eu queria saber.
Entrelinhas
O silêncio instalou-se depois como um manto pesado. Rui estava de pé, encostado à janela, nu da cintura para cima, cigarro entre os dedos. O olhar dele perdido lá fora, onde a cidade respirava sem pressa. Sofia, ainda na cama, observava-o. O corpo dela cansado, mas os pensamentos inquietos.
Ela puxou o lençol até ao peito, cruzando os braços como quem se protege de algo mais frio que o ar.
— Estás a pensar em quê? — perguntou.
Ele demorou a responder.
— Em nada. Em tudo. Em como é estranho sentirmo-nos tão próximos de alguém que conhecemos há menos de vinte e quatro horas.
— Ou em como é fácil alguém desaparecer depois de parecer tão intenso — completou ela, com um leve tom de ironia.
Ele virou-se, encarou-a por um momento. Havia uma sombra nos olhos, mas também curiosidade. Desejo ainda. Mas misturado agora com uma dúvida. Como se estivessem num limite: ou davam um passo em frente, ou fingiam que aquilo tudo tinha sido só um impulso carnal.
— E tu? — perguntou ele, apagando o cigarro. — O que é que pensas fazer agora?
Sofia sorriu, mas era um sorriso enigmático. Levantou-se da cama, sem pudor, vestiu lentamente a camisa dele, como se fizesse questão de prolongar aquele momento. Depois aproximou-se, olhou-o de perto, sem tocar.
— Acho que vou deixar isto assim… pendurado. Entre o “pode ser que sim” e o “talvez não”.
Rui assentiu lentamente. A intensidade no olhar dele não diminuía, mas agora havia algo mais: respeito. E talvez… uma ponta de receio.
— Sabes onde me encontrar.
— Sei. Mas talvez não queira encontrar-te já. Ou talvez te mande uma mensagem daqui a uns dias, só para ver se ainda estou na tua pele.
Ela deu-lhe um beijo rápido, como um ponto final mal escrito, pegou na saia do chão e começou a vestir-se.
Rui observou-a, sem dizer mais nada. Quando a porta se fechou atrás dela, ficou ali, sozinho. Na mão, ainda o cheiro do corpo dela. Na boca, o gosto do último beijo.
E na cabeça… aquela maldita incerteza.